"Levando Arthur Bispo do Rosário para a sala de aula"

Em nosso centro de estudo na Unidade de Extensão Educacional do Centro de Pesquisa e Formação em Ensino Escolar de Arte e Esporte do Núcleo de Arte Sebastião Bernardes de Souza Prata/ Grande Otelo - Prefeitura do Rio de Janeiro, escolhemos como fio condutor, em 2013 , “Rio Conexão Mundo”, e a Oficina de Arte Contemporânea elegeu “Arthur Bispo do Rosário” para esta conexão, buscando investigar o que se tem pensado, falado, e conhecer sua produção.

Foi aqui no Rio de Janeiro que protagonizou toda sua trajetória artística, chegando a ser considerado pelos críticos um dos precursores da arte contemporânea. Tem sido objeto de estudo Sobre sua vida e obra, vários livros foram escritos, filmes produzidos, foi tema de várias teses de estudos em diversas áreas, como Psicanálise, Sociologia, História da Arte, Semiótica e Antropologia,buscando ampliar o repertório estético e um aprofundamento no conhecimento da arte.

Durante a oficina conduzimos um olhar voltado para a arte contemporânea, propusemos pesquisas, produções e criações de novos conceitos.

Um dos motivos mais significativos para o reconhecimento de Arthur Bispo do Rosário, segundo os críticos, “é que o ele foi um artista que inovou o valor estético e a criatividade”, fatores que definem sem dúvida como um precursor da arte contemporânea.

Bispo é considerado o representante da arte de vanguarda, sua produção atrai a atenção de especialistas e amadores das artes. Também reconhecido como ícones da modernidade, comparado a Duchamp, Arman, César, Andy Warhol, entre outros.

“A genialidade de Bispo do Rosário se expressa na forma como trabalhou os elementos, os novos suportes utilizados, a configuração contemporânea de sua arte, a harmonia do conjunto das peças.”

No decorrer das oficinas fomos a visitar o local em que foi cenário das suas maiores produções, assistir palestras, pesquisar os escritos, artigos, ensaios e trabalhos científicos diversos, para desvendar o seu valor artístico/cultural e ajudar na divulgar da grandiosidade e importância de sua produção para a arte contemporânea.Veja...

Acreditamos que,ao apresentar as obras de Arthur Bispo, seria possível despertar o fascínio e o encantamento evidenciando algo que faz parte da essência humana, “a necessidade de criar”.

Arthur Bispo do Rosário, pouco se conhece sobre sua infância e adolescência.

Bispo do Rosário nasceu em Japaratuba, Sergipe, no ano de 1909. Há controvérsias em relação a esta data.

Em alguns textos, 1911 aparece como o ano do seu nascimento. Os nomes dos seus pais também são controversos, Adriano ou Claudino Bispo do Rosário e Blandina Francisca de Jesus.

Aos 16 anos, foi inscrito pelo pai na Escola de Aprendizes de Marinheiros de Sergipe e embarcou num navio como ajudante-geral, viajando pelo País e colecionando advertências por comportamentos inadequados. Mas também se tornou um bom boxeador. Foi campeão sul-americano na categoria peso-leve.

Em 1926, desembarcou no Porto do Rio de Janeiro, onde trabalhou na Marinha até 1933, ao ser desligado, sua rotina era perambular pela cidade, fazendo pequenos bicos. Até ser aceito como lavador de bondes da Light. Em 1937, sofreu um acidente de trabalho. Ao levar o caso à Justiça, conheceu o advogado Humberto Leone, que, sensibilizado, convidou Bispo para morar num quarto com banheiro anexo de sua casa. O sergipano tornou-se ajudante geral da família.

A história do Bispo artista plástico começou na noite de 22 de dezembro de 1938, quando tinha 29 anos, no quintal da casa dos Leone. Bispo viu Jesus Cristo descer à Terra rodeada por uma corte de anjos azuis; vozes lhe teriam dito para reconstituir o mundo. Acompanhado desses anjos, peregrinou pelas várias igrejas enfileiradas na rua Primeiro de Março e terminou no Mosteiro de São Bento, onde anunciou a uma confraria de padres que era um enviado, incumbido de “julgar os vivos e os mortos”, e, com tal visão, ele proclama-se Jesus Cristo.

A consequência foi sua internação no Manicômio da Praia Vermelha com o diagnóstico de “esquizofrênico-paranoico”.

No mês seguinte, foi transferido para a Colônia Juliano Moreira, sendo alojado no pavilhão reservado aos internos mais agitados. De 1939 e até 1963, alternou momentos no hospício e também saindo para exercer serviços domésticos em residências cariocas.

Em 1964, regressa à Colônia, onde permanece até a morte; lá conquistou o status que jamais teve na sociedade: não enfrentava a fila do refeitório, não fazia a higiene pessoal junto com os outros internos; vivia em seu aposento regendo um novo mundo com as mãos. Bispo assistiu ao desenvolvimento da história do tratamento psiquiátrico no Brasil. Foi vítima de algumas sessões de eletrochoque.

O ano de 1980 marca o fim do anonimato de Arthur Bispo do Rosário. Ele foi apresentado ao Brasil pelo programa Fantástico, da TV Globo, e protagonizou o documentário "O Prisioneiro da Passagem – Arthur Bispo do Rosário", do psicanalista e fotógrafo Hugo Denizart. Personalidades, artistas, muita gente passou a ir à Colônia na intenção de conhecer sua obra.

Em 1982, expôs, pela primeira vez, parte de sua obra na mostra Margem da Vida, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, ao lado de outros pacientes psiquiátricos, presidiários, menores infratores e idosos.

O crítico Frederico Morais, então coordenador de artes deste museu, legitimou-o como artista genuíno, e sua obra como vanguardista. Ainda nos anos 80, a Colônia Juliano Moreira abriu suas portas e muitos internos partiram.

Bispo aproveitou o êxodo e passou a ocupar 10 celas com suas obras, afinal, muitos sacos haviam sido bordados, muitas miniaturas envolvidas nas linhas azuis desfiadas dos uniformes manicomiais, quantas canecas de alumínio e talheres provenientes do refeitório ganharam vida nova, tantos dejetos foram reunidos e transformados em objetos de arte. Sua missão exigiu muito trabalho: de 10 a 16 horas por dia; um processo de criação incessante e que só chegou ao fim com o fim de sua vida, no dia 5 julho de 1989.

Veja mais...


A Igreja do Mosteiro de São Bento

“Em nenhum outro edifício do Rio de Janeiro se observa o puro barroco.”

Fundado em 1590 por monges vindos da Bahia, o mosteiro beneditino do Rio de Janeiro foi construído à pedido dos próprios habitantes da então recém-fundada cidade de São Sebastião.

Localizado no tumultuado centro da cidade, o mais antigo e belo conjunto arquitetônico do Rio colonial não é muito visitado por turistas e nem pelos cariocas.

Falamos que o Barroco foi o nome dado ao estilo artístico que floresceu entre o final do século XVI e meados do século XVIII, inicialmente na Itália, difundindo-se em seguida pelos países católicos da Europa e da América,trazido pelos missionários católicos europeus, muito dos quais eram artistas habilidosos e com a ajuda dos artesãos escravos, que muito contribuíram para dar ao Barroco americano, feições únicas.

Os principais centros de cultivo do Barroco americano foram o Peru, o Equador, o Paraguai, a Bolívia, o México e o Brasil.

O Barroco é uma tendência artística de muita exuberância e exagero, e que influenciou todas as formas de expressão cultural da época, na música, pintura, literatura, arquitetura, facilmente reconhecido por seu esplendor e exuberância nos detalhes ornamentais com suas conchas, laços, flores, volutas e curvas, propondo ideia de movimento.

Suas formas sinuosas e retorcidas buscam um apelo emocional. Com muita ostentação e dramaticidade seus elementos decorativos como conchas, laços e flores.

E também que o Rococó foi um estilo que surgiu na França, por volta de 1700, valorizando as cores suaves e luminosas, linhas curvas, leves, sutis e delicadas.

Teve como fonte de inspiração tema ligado a natureza, como pássaros, flores delicadas, plantas, rochas, etc.

Viram que, aqui no Brasil, ao contrário de lá, recebeu a influência de temas religiosos, aplicados principalmente à arquitetura.

Juntamente com fotos, documentos, buscamos proporcionar o conhecimento técnico, com ênfase na criatividade, expressão e produção artística; foi proposta uma releitura da fachada da Igreja do Mosteiro de São Bento, baseados no caderno de atividades e roteiro da escritora Renata Faria, que contempla o tema "Origem da Cidade do Rio de Janeiro”, tem como principal conteúdo a história urbana do Rio colonial, de 1565 a 1808, a arte e a arquitetura daquele tempo.

Dessa forma, o rococó e a paisagem urbana são o objeto principal de análise do barroco. A publicação de 24 páginas, coloridas e ilustradas com desenhos, fotografias e iconografia histórica, apresenta atividades para serem realizadas pelos estudantes durante a aula-passeio e, depois, em classe.”

Juntamente com seu caderno, utilizamos fotos e documentários.

Após conhecerem a história da igreja, seus altares, talhas,anjos e arabescos, eles iniciaram o trabalho fazendo releituras dos desenhos da fachada da igreja criadas pela escritora.

Propomos criação de obras com temática barroca utilizando várias técnicas, tendo como inspiração a Igreja do Mosteiro de São Bento.

É um dos principais acervos da arte colonial brasileira (Barroco e Rococó).

A fachada tem um corpo central com três arcos na entrada e um frontão triangular, ladeada por duas torres sineiras com pináculos piramidais.

Os trabalhos focaram a arquitetura barroca.

Após um estudo sobre o período artístico, nossos alunos desenvolveram o desenho da fachada da Igreja e os elementos do estilo daquele período, entre eles: Cardidide/Concha/espiral/curvas e volutas/frontões/frontispício/óculos/torre cineira/Balaústre/arco cruzeiro.

Já sabedores que a arquitetura barroca é marcada por imensas volutas, predominando linhas curvas e a simetria de ornamentos, com vários enfeites entre anjos, criando um conjunto suntuoso, a utilização de elementos ornamentais fazendo referência ao barroco.

Eles viram também outra maneira simples de ampliar desenhos é com ajuda de projetor. Foi emocionante quando descobriram que poderia passa-los para uma transparência e amplia-los com muita facilidade.

Em outro momento foi proposto a FROTTAGE, técnica de desenho na qual um papel é colocado sobre qualquer material áspero, como pedaços de madeira ou pedra, e pressionado com giz de cera até adquirir o efeito desejado.

Em seguida foi proposto a técnica de MONOTIPIA, técnica de fazer gravuras coloridas com uma única impressão que é chamada de monotipia”. Acredita-se que fazer gravuras com essa técnica é uma atividade bastante divertida, um exercício artístico que também pode ser aplicado tranquilamente com crianças.

A monotipia pode ser aplicada em papel ou tecido, dando bastante abertura para a expressão da sua criatividade, apesar de não permitir detalhes e ter um efeito um tanto rústico.

Os alunos viram que o processo é bastante simples. Só precisa de uma base lisa onde vai aplicar a tinta.

Por ser papel, usaram tinta guache e acrílica.

CARTOGRAFIA DA REALIDADE

Elaboramos desenhos figurativos a partir de pesquisa dos bairros onde residem e outras já visitadas por eles.

Ao conhecer a história de Bispo do Rosário, propomos em seguida que identificassem nas reproduções dos mapas os lugares que Bispo transitou durante seus últimos 50 anos, desde sua chegada aqui no Rio ate sua morte.

Iniciaram, identificando no mapa a Praça Mauá, Centro da Cidade, Botafogo, Urca, Madureira, Jacarepaguá.

A importância de se trabalhar a cartografia

As práticas com mapas eram atividades subutilizadas nas escolas. Hoje se transformaram em preocupação fundamental para o ensino de Geografia. Importantes noções, como a própria localização espacial, são tratadas com o auxílio de mapas.

Atualmente observa-se que muitos profissionais voltados ao ensino da CARTOGRAFIA estão desenvolvendo modelos para que alunos do ensino fundamental aprendam o que é uma escala, como é feita a representação do relevo, o que é uma projeção cartográfica etc. Entretanto, sem se preocupar com o exercício da própria cartografia no cotidiano da escola, quando do ensino de outras disciplinas como geografia, história, sociologia, dentre outras que podem utilizar essa ferramenta e seus produtos no seu aprendizado.

A partir de Xerox dos mapas com os bairros do Rio, eles identificaram os bairros por onde Arthur passou, buscando uma representação correta do percurso feito por ele.

E, seguida propomos a criação de DESENHOS, tais quais os originais, e propusemos sua pintura com lápis de cor e caneta hidrocor. Durante as aulas viram as noções básicas do desenho: ponto, forma, cor, textura.

Mais adiante sugerimos uma observação aérea! Vista de cima! Como si fossem passageiros de um avião olhando pela janela!

Orientamos um olhar atento sobre a passagem urbana, com possibilidades de criação de novos mapas, frutos da imaginação!

Preparamos para um novo olhar, o do conhecimento, e apropriação dos elementos da linguagem contemporânea.

Recomendamos a aplicação dos novos conceitos estéticos, a partir dos conhecimentos históricos já assimilados por eles. Uma nova memória cultural.

Propomos uma cartografia reinventada, desconstruída, abstrata, da imaginação de cada um!.

Falamos que alguns pintores partem da obra figurativa para chegarem a uma composição abstrata.

Mensionamos que a arte abstrata é também chamada de arte" não-figurativa", podendo ser pintura, escultura, gravura, arte gráfica, arte digital ou outras técnicas, em que não há reprodução ou representação de imagens do mundo visível.

Uma obra abstrata pode ser definida como aquela cuja forma e cores não possuem relação direta com as formas e cores das imagens da realidade visual, em outras palavras, nada representam ou narram figurativamente.

Na arte abstrata, ao contrário, o artista se expressa através de formas, cores, texturas e ritmo inteiramente livres de qualquer influência de objetos da realidade, não tenta representar a imagem de nada. Uma pintura abstrata não se preocupa em representar objetos, ela se expressa por si mesma, ela em si é um objeto de arte, não a representação de algo, um tipo de ilusão para o mundo, como a arte figurativa. Porém, tanto a pintura figurativa como a pintura abstrata, podem expressar estados emocionais. A pintura figurativa e a abstrata estão presentes na arte contemporânea.

"Eu vejo que muitas pessoas acham que obras abstratas são feitas ao acaso, não tem noção de quanto estudos, ensaios, procedimentos e pesquisa são necessários antes da execução de obra. É necessário criar movimento, ajustar velocidades, criar escalas de matizes, enfim, uma verdadeira maratona antes. Sempre antes de executar qualquer série, há um estudo rotineiro, diário, em buscar traçar uma metodologia, uma linguagem, que vez por outra sai com nuances diferentes e aí nos valemos de teorias, anotações, impressões e estudos de amostras, para por fim partir para trabalho definitivo." (Abstrato não é acaso!", Jorge Calfo – artista plástico).

Para produção dos mapas, propomos uma obra abstrata, reinventada,uma “cartografia Imaginária”, oferecendo novas possibilidades plásticas. Por isso, preparamos uma lona recortada no tamanho A3, para servir de suporte das colagens.

Oferecemos a eles uma capa de disco de vinil(LP), por ser um papelão encorpado, rico em detalhes gráficos e por ter sido de grande popularidade nas décadas de 1960,1970 e 1980 e também propomos a utilização de retalhos de tecidos com cores e texturas variadas, possibilitando múltiplas formas e promovendo inspirações em suas criações.

Logo após a visita Ao Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea,Veja.... Fizemos um estudo de aprofundamento sobre a vida e obra de Arthur Bispo, bem como os conceitos e elementos das artes visuais, entre eles: a forma, cor, textura, etc. Gerando muita hipótese, além de novos aprendizados.

Denominamos de múmias, objetos recobertos por fio azul que Bispo fez para inventariar e repovoar o Universo. Desfazia os uniformes do hospital e usava a linha para fabricar objetos.

No repertório dos objetos de fio azul, Bispo registrou inúmeras ferramentas relativas aos ofícios da construção civil: fio de prumo, rolo de pintor, pá de pedreiro, serra, esquadro, entre muitos outros.

Em seu exercício de CATALOGAÇÃO,Bispo recolhia e separava objetos do seu dia a dia, os quais representavam o mundo que seria repovoado após o dia do Juízo Final.

Nossos alunos utilizaram em suas obras brinquedos em desusos, envolvendo-os em malhas, dando novos significados, eles reutilizaram barbante, disco de vinil (LP) que, ao envolvê-los, propuseram novos suportes para os brinquedos revestidos.

Bispo catalogou todas as coisas do mundo, que, segundo ele, seria apresentado a Deus no dia do julgamento final. Ele designou de “Registro sobre minha passagem sobre a terra”.

Orientamos que assistissem no Youtube o Vídeo da Exposição “Artista do Fio”, com imagens selecionadas pelo curador Wilson Lazaro, apresentou 160 obras disponibilizadas pelo Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea (RJ),denominadas ORFA’s (Objeto Recoberto por Fio Azul), na Caixa Cultural-Rio de Janeiro, em junho de 2012.

O Andante é um programa de cultura produzido por profissionais especializados contratados pela UERJ.É vinculado também pela WebTV.

Criou obras artísticos deslumbrantes. Foi consagrado nas artes plásticas e seus trabalhos têm sido exibidos ao redor do mundo. Arthur Bispo passava horas isolado, jejuando, costurando, bordando, ocupando-se em reconstruir o mundo em miniaturas para serem apresentadas no Dia do Julgamento Final.

Aproveitamos para falar que o povo egípcio também tinham o costume de embalsamar os seus reis. Quando morriam, o corpo era colocado em um recipiente com sal, para desidratar e também matar bactérias. Após desidratado, enchia-se com serragem. Aplicava-se também alguns “perfumes” e outras substâncias para conservar. O corpo era envolvido em faixas de linho branco.

Após a múmia estar finalizada, era colocada dentro de um sarcófago, que seria levado à pirâmide para ser protegido e conservada. O processo era tão eficiente que, muitas múmias ficaram bem preservadas até os dias de hoje. Graças ao processo de mumificação, os egípcios avançaram muito em algumas áreas científicas. Para transformar um corpo em múmia era muito caro naquela época. Portanto, apenas os faraós e sacerdotes eram mumificados. Alguns animais como, por exemplo, cães e gatos também foram mumificados no Egito Antigo.Veja mais...

Em seguida falamos da Pop Art ou a arte pop que surgiu na Inglaterra de meados dos anos 1950, mas foi na Nova York dos anos 1960 que ela se consagrou. Pop art é uma abreviação do termo inglês popular art (arte popular). Não significa arte feita pelo povo, mas produzida para o consumo de massa. O pop art misturava materiais como fotografia, pintura, colagem, escultura, assemblage (colagem em 3 dimensões). Colagens e repetições de imagens em série são características de obras, e os temas são os símbolos e os produtos industriais dirigidos às massas urbanas (tampinha de garrafa, pregos, automóveis, enlatados, ídolos de cinema e música, produtos descartáveis, fast food…). O principal são as imagens, os ambientes, a vida que a tecnologia industrial criou nos grandes centros urbanos.

Após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras.

Trancado por um período de anos, ele produziu o que mais tarde viria a ser chamado de "Primeira experiência legitimamente brasileira da Pop Art". No Brasil, a figura de Arthur Bispo do Rosário é exemplar. Foi na Juliano Moreira que ele começa a produzir seus primeiros trabalhos artísticos, aproveitando-se do lixo e da sucata disponíveis.

Com intenção distinta, Bispo criava em Jacarepaguá assemblages com embalagens de desodorante, detergente, amaciante e cerveja. E dedicava uma obra somente aos sabonetes: uma merendeira e vários potes de plástico abrigam rótulos de Palmolive, Cinta Azul, Gessy, Lux.

Os críticos de arte o classificaram como vanguardista por utilizarem aspectos da indústria cultural – ou da sociedade de consumo – são assimilados de modo crítico na produção artística de Bispo do Rosário, no mesmo sentido em que o pintor e cineasta norte-americano Andy Warhol.

Mencionamos Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art.

A partir de imagens de Arthur Bispo, nossos alunos criaram caricaturas que, ao reproduzirem e selecionarem, contextualizaram com as serigrafias de Andy Warhol.

Pesquisaram as grandes personalidades pop e seus cabelos exóticos, entre eles Jeans Paul Basquiart, produzindo, assim, várias perucas.

Elegeram a obra do colega Kauan Nickson Gonçalves, para ser o desenho principal de Arthur Bispo, servindo de modelos para as várias perucas criadas por eles.

Buscamos relembrar essa técnica na imagem do Arthur Bispo do Rosário, propondo deixar a pintura bem viva, pois uma das características do estilo artístico é a cor forte e contrastante.

Falamos que a pintura com estêncil é um recurso muito antigo, podendo ser do papelão da caixa de camisa, sapato e ou de papel cartão e até mesmo de uma radiografia antiga.

Viram que os estêncil de acetato são laváveis e reutilizáveis, mas os feitos de papelão ou papel cartão não são duradouros.

Podendo pintar sobre praticamente qualquer superfície lisa: tecidos, papel, paredes, objetos de madeira e cerâmica.

Os alunos fizeram os desenhos, transferido -os para seu material ideal, e cortaram com tesoura e usaram espuma na aplicação da tinta nos moldes vazados.

Assim mostrar a técnica do maior ícone da arte moderna, Andy Warhol, o estêncil e uma técnica de arte de rua, o lambe- lambe.

Nossos alunos conheceram a peça mais famosa, de Arthur Bispo do Rosário, obra que demonstrou grande preocupação na estética ao cria-lo.

De todas, é a que chama mais atenção, trata-se de uma vestimenta bordada com variadas cores e texturas. São tabuleiros de xadrez, dado, mesa de sinuca, avião, números, palavras e muito mais.

Feita de um pano de cobertor, é toda bordada com palavras, símbolos, números e figuras bordadas em fio de lã, distribuídos quase que circularmente, aplicou a técnica de bricolagem ao utilizar assessório de cortina que vai desde cordas, alamares e tassel , promovendo uma decoração barroca ao adornar seu manto.

Na face interna, interior da obra, sobre fundo de tecido branco, bordou nomes de pessoas, organizando em forma de um espiral irregular em direção da abertura da cabeça, bordados em sua maioria com fios de cor azul.

Foi realizado para o dia da passagem, o dia do julgamento final.

Ao vestir o manto na hora da apresentação, com o nome dessas pessoas, carregava também o compromisso íntimo que pactuou com elas de representá-las perante Deus.

Obra que levou décadas criando e que seria para usar no dia do Juízo Final, data da sua passagem.

Vestimenta que impressiona pela riqueza de cores, texturas e detalhes.

Uma indumentária com bricolagem, bordados, com minúsculos registros dos mais variados objetos, que vão desde: tabuleiro de xadrez, dado, mesa de sinuca, avião, números, palavras e muito mais.

No lado de dentro, no interior da obra, bordou os nomes das pessoas em formato circular, que julgava merecedoras de subir aos céus.

Paralelamente, as atividades iniciamos uma coleção de tampas plásticas, multicoloridas, retalhos de malha e recostes de MDF, conseguidos pelos responsáveis dos alunos, em parceria com as fábricas em torno do Núcleo. Elementos que utilizamos como matéria prima para nossas produções.

Nossa sala ficou parecendo uma sucataria, porém, estavam selecionados, organizados e classificados. Para facilitar na hora da produção das obras.

Ao passar mais sobre a bibliografia, com a intenção de investigar o olhar, para o modo inusitado como ele abordava os objetos do cotidiano, fizemos um levantamento desses materiais e conversamos sobre o reaproveitamento que ele fazia e, especialmente a maneira como isso acontecia.

Iniciamos os estudos dos casacos, jaquetas, coletes e fardões, que em seguida propomos que elegessem alguns deles, para produção em formato maior.

Ampliamos os modelos escolhidos em papelão e propomos a colagem utilizando a doação dos refugos do MDF, em seguida propusemos pintura com a técnica da aquarela, com pigmento de anilina.

O processo de produção proporcionou um novo olhar, um encantamento, quando se chegou à bricolagem e a pintura!

Uma outra rica produção estava por vir!

O entusiasmo foi tanto que uma das obras que mais chamaram a atenção das crianças foi o "Manto da Apresentação", não só para estética, como também pela história pessoal envolvida naquela obra.

Os alunos decidiram compor um outro manto que pudesse ser vestido, que causasse emoção, admiração e encantamento, em um formato diferente!

Foi aí que partimos para a criação do manto da apresentação utilizando os retalhos de malha e as tampas de recipientes plástico multicoloridas. A partir de estudos das composições, das cores, sobre uma placa de papelão fizemos os primeiros moldes da arrumação! Como seria o manto. Com ajuda de um ferro de solda, marcamos a furação das tampinhas e partimos para a confecção do Manto da Apresentação, com a ajuda preciosa dos responsáveis.

Durante as aulas, expusemos suas produções nas paredes da sala, focando, além da contemplação, o desenvolvimento de uma identidade própria, visando a reflexão, observação e a valorização não só do momento de produção, mas também propiciando oportunidade de apreciação com análise e troca de experiências.

Afinal, a socialização dos conhecimentos adquiridos faz parte do processo de aprendizagem, sendo um estimulo para que eles se empenhem em produzir o melhor, mostrando seu potencial de criação e produção.

Antecedendo a mostra final, trabalhamos os conceitos pertinentes à arte contemporânea, entre eles, o de curadoria, monitoria e montagem.

Os alunos ficaram impressionados quando souberam que existem os curadores; especialistas responsáveis pela seleção e organizam dos trabalhos a serem expostos em galerias, museus e espaços culturais.

Falamos que as exposições contemporâneas quebram conceitos clássicos, pois as obras podem ficar penduradas, coladas no chão ou no teto, permitindo que o visitante interaja com elas, que aquele conceito de arte como algo estático e certinho já foi quebrado e, segundo Ana Mae Barbosa, o professor, ao fazer a mediação dos encaminhamentos, pode propor atividades de leitura de imagens da exposição, para que o estudante compreenda os processos da organização ou para outros objetivos que lhe forem convenientes de acordo com os conteúdos em pauta.

Propomos, por meio de diferentes modos e níveis do saber, o gosto em admirar, apreciar e julgar quando oportunizamos aos alunos atuarem na elaboração, no planejamento e na organização da exposição.

Ao apropriarem-se dos conceitos, uma vez que são parte integrante de todo processo de organização, os alunos aprendem que a arte é uma linguagem, e como tal, pode ser estudada nos seus princípios formais, levando-os a agirem não somente como contempladores, mais interagindo, dialogando, estabelecendo relações na construção do conhecimento, em suma: sentem-se protagonistas do fazer artístico.

Coube a nós diversificarmos nossos métodos, buscando novas formas para desenvolver neles o prazer de aprender e fazer arte despertando a imaginação, a crítica reflexiva do fazer poético e a leitura do mundo.

Estimulamos sua sensibilidade, propondo-lhes que sejam produtores e espectadores das produções artesanais com as quais interagiram, participaram, dialogaram e estabeleceram relações, dando continuidade à busca do conhecimento a partir dos temas elencados por eles.

Foi muito gratificante desenvolver a pesquisa sobre o tema “ Levando Arthur Bispo do Rosário para a sala de aula”.

Esta pesquisa nos proporcionou reflexões, ampliou possibilidades e observações focadas na sensibilidade, propondo caminhos tanto para a produção e o entrelaçamento de temas próximos a inclusão social e a sustentabilidade,acreditando que o convívio com a arte contemporânea, promove um olhar cada vez mais sensível e crítico, ao perceber que os elementos estéticos podem proporcionar várias novas experiências desde o processo de criação até as reflexões oferecendo várias possibilidades para o mesmo tema.

Desvinculando o “eu não entendo” do “eu não gosto”, propomos levar alunos a encontrar novos significados, levandou-os a perceberem que a Arte Contemporânea não é focado no bonito, feio, certo, errado, melhor ou pior, e que existem diversas possibilidades de se buscar e ampliar as informações, seja sobre o conteúdo de criação do artista, ou até mesmo que eles propõem discutir.

Acreditamos que uma oficina pautada nas possibilidades de discussões e reflexões nos temas da arte contemporânea só vêm a contribuir na formação estética do estudante por estar mais próximas, elegendo temas deles, isto é, a Arte Contemporânea Atual!

Acreditamos que somos interpretes do mundo e precisamos construir interpretantes sobre ele. Uma arte que instiga a pensar sobre as coisas que fazem parte de suas experiências de vida, tornando-as mais significativas.

O fazer artístico não foi o foco principal, valorizamos a leitura, a apreciação, a percepção de contextos e conceitos da arte contemporânea.

Acreditamos que, ao buscar elementos significativos, eles encontrem novas formas de se expressar.


Bibliografia :

Luciana Hidalgo, Arthur Bispo do Rosário: o senhor do labirinto
Marta DANTAS, Arthur Bispo do Rosário: a estética do delírio
Frederico Morais, Arthur Bispo do Rosário: Arte Além da Loucura
Arthur Bispo do Rosário - Séc XX- Wilson Lázaro

Para amostra final, tivemos a preocupação especial com a apresentação.
Concepção do conjunto da obra: Denise Macieira
Curadoria: Denise Macieira, Imaculada Conceição, Sandrinni Lovera e Regina Hornung.
Curadoria Musical: Alvaro Lima, Jabim Nunes, Bruno Bentolila, Caio Mota.
Web Design: Cauê Souza, Regina Hornung.
Fotografia: Walter Firmo, Danilo Sérgio, Caio Pacheco, Imaculada Conceição,
Bruno Bentolila, Jabim Nunes, Laíse Pacheco, Google Imagem-Domínio Público.
Montagem: Márcia dos Santos, Jandira da Silva, Clara Pacheco, Laíse Pacheco, Denise Macieira, Eder Oliveira, professor e aluno da oficina, com destaques para RUBILEMES DA ROCHA e CAMILE GREGORIO, com o auxílio precioso de: Laíse Pacheco, Márcia Santos, Eder Oliveira, Denise Macieira, Jandira da Silva.
Desmontagem: Auxílio precioso de: Laíse Pacheco, Alvaro Barcelos e Jandira da Silva com o professor e alunos da oficina.
Doadores/Colaboradores:
Lona: Eduardo Salabert;
Retalhos de MDF: Fabiana Ruff;
Retalhos de Malha: Iracema Medeiros Manso;
Toalhas plásticas decorativas: Imaculada Conceição;
Disco de Vinil: Rosiméri França; Milton Roque;
Cabo de vassoura: Suzana Guimarães da Silva;
Jornal: Rejane Faria.

Agradecemos a SME-Carioca, ao setor técnico da Extensividade, a 6ª Coordenadoria de Educação,  a os colegas professores do Núcleo  juntamente com Laíse Pacheco e Márcia Santos (Chefia).

Nossa gratidão especial aos responsáveis dos nossos alunos que durante o ano letivo cooperaram com todo êxito e dedicação, mostrando que... “É caminhando que se faz o caminho”.

“Os sonhos não determinam o lugar onde vocês vão chegar, mas produzem a força necessária para tirá-los do lugar em que vocês estão. Sonhem com as estrelas para que vocês possam pisar pelo menos na Lua. Sonhem com a Lua para que vocês possam pisar pelo menos nos altos montes”(Augusto Cury).




Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.